Demanda por carros elétricos no Brasil cresce junto com o mercado de baterias
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18/11/2021
Para suprir as demandas dos carros elétricos, novos modelos de carregadores vêm surgindo no Brasil.
Os carros elétricos são peça-chave para a redução das emissões de gases do efeito estufa mundialmente. Por isso, são o futuro da indústria automobilística e há um amplo movimento para atingir a eletrificação.
Assim, surge um novo mercado como extensão essencial dessa mudança: o de carregadores para esses veículos.
Aqui no Brasil, os carros a combustão são dominantes e os elétricos representam menos de 1% do mercado em 2021. Contudo, os carros elétricos vêm crescendo gradativamente.
De acordo com a ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), no primeiro semestre de 2021, os carros 100% elétricos tiveram 732 unidades vendidas, sendo puxadas pelo Porsche Taycan 4s, que emplacou 154 unidades.
Mas a tendência é esse volume crescer com os novos modelos que estão a caminho, conforme revelou nossa lista de lançamentos para 2022.
A Volkswagen, por exemplo, já apresentou a linha ID de elétricos no País, e o hatch ID.3 será o primeiro a chegar, em meados de 2022.
Assim, com essa gama de veículos aumentando, a necessidade e exigência dos usuários por carregadores elétricos se torna maior. Afinal, a infraestrutura de recarga das baterias é um fator decisivo para a circulação desses modelos.
Neste texto vamos te contar como funciona cada tipo de carregamento, quais são os principais modelos disponíveis no mercado e como funciona a instalação deste produto e a confiabilidade de cada um.
Assim, você fica por dentro do assunto e fica mais preparado para quando os carros elétricos se tornarem mais populares no Brasil.
Tipos de carregadores para carros elétricos
Carregadores domésticos
Há diversas modalidades de carregadores no mercado brasileiro que se divergem em potência, funcionalidade e necessidade.
Na maioria das vezes, o mais comum de ser utilizado é o Wallbox (carregador de parede), que nos modelos mais novos estão vindo de série no primeiro lote.
Básico
Geralmente, o carregador básico vem de fábrica junto com o veículo e oferece a possibilidade de carregá-lo em uma tomada comum.
Contudo, apesar de ser funcional, o modo de carregamento é lento pelo fato de possuir uma baixa potência.
Em média, a corrente de energia que esse equipamento permite é de 8 a 10 A (amperes). Ou seja, o fluxo máximo desse modelo é de cerca de 3kW.
Além disso, vale mencionar que a grande maioria pode vir com uma tomada de três pinos.
Dessa forma, é bem provável que precise de um adaptador para conseguir utilizar, em alguns casos.
Para exemplificar, em um veículo com uma bateria de 40kW, uma carga levaria um tempo médio de 20h a 40h para estar completa.
Sendo assim, ele serve mais para momentos específicos, como alguma situação atípica.
Portátil
Os carregadores portáteis têm um funcionamento semelhante ao básico e, em algumas montadoras, é o que acompanha o modelo de fábrica.
O modelo portátil é bem lento, podendo levar mais de 10h para carregar um carro. É uma opção que a própria montadora fornece visando atingir uma demanda atípica, ou seja, é mais para um caso de emergência.
Nas versões mais simples, esse equipamento pode ser plugado em tomadas comuns de 110 e 220V. Já em modelos mais potentes, o mais indicado são as redes trifásicas, ou seja, de 220 a 380V.
Porém, é importante lembrar que não são todas as montadoras que oferecem esse tipo de carregador.
Residencial ou Wallbox
Por ser um carregador de instalação residencial, mais de 96% das recargas de carros elétricos no Brasil são feitas a partir dele.
Assim, esse equipamento, que utiliza em suma o conector tipo 1 e 2 (mais comuns), também permite uma corrente entre 16 a 32 A. Contudo, sua principal diferença para os outros modelos é a potência e a segurança.
Na instalação do Wallbox, há uma integração direta com a eletricidade, o que possibilita um carregamento 3x mais rápido.
E, além disso, por ser feito por uma equipe especializada, há um cuidado específico para que a infraestrutura comporte a força exigida. Inclusive, eles utilizam uma corrente alternada (CA), que é diferente da corrente contínua (CC) que encontramos nos carregadores públicos.
Em relação à potência, os Wallbox podem circular de 3,7kW até 22kW. Porém, a mais comum no mercado brasileiro é de 7,4kW, que carrega 80% das baterias em um tempo de 6h.
Então, no geral, esse equipamento pode levar de 2 até 12h para oferecer uma carga completa, dependendo da bateria do veículo.
Cada carro exige uma potência em corrente alternada diferente. Os europeus, por exemplo, conseguem suportar de 11 até 22kW. Já os americanos, aguentam uma média de 7kW, assim como os modelos da General Motors.
Então, cada montadora tem sua potência e a recarga/velocidade varia muito de acordo com o modelo.
Abastecimento de carros elétricos nas ruas
Até agora, nós abordamos os moldes de recargas lentas e médias. Contudo, vale falar também sobre outros tipos de carregadores que podem influenciar no dia a dia. E esse é o caso dos postos de abastecimento.
Nesse, geralmente firmados por um ''totem'' ou no próprio solo, há um monitoramento e histórico de consumo.
O que se faz necessário por, muitas vezes, comportar mais de um veículo ao mesmo tempo. Além disso, ele conta com itens adicionais como gestão de energia, chaves de acesso e um monitoramento de cobranças.
Na Enel X todos os carregadores são inteligentes e permitem serviços como controlar a sua recarga, notificações, relatórios, entre outros. Em lugares onde o carregador vai ser compartilhado, isso é super importante.
Esse é o caso também da Ecovagas, projeto de uma rede semi-pública de carregamento da Enel X em parceria com a Volvo Cars e a Stellantis.
A iniciativa possui mais de 200 estações de recarga em 100 pontos de estacionamento da rede Estapar, que contempla 23 cidades e 10 estados.
Nesses, os carros podem ser recarregados em 80% num período de 3 horas. Na potência, esse modelo pode chegar até 100kW.
Carregadores Ultra rápidos
Para quem se preocupa com a segurança de viajar com um carro elétrico, também existem postos de recarga ultra rápida com a finalidade de carregar um carro em um espaço curto de tempo.
Ou seja, ele serve para rodovias e estradas. Assim, os condutores conseguem obter potências altas alcançando uma média de 80% da capacidade das baterias em até 30 minutos.
O principal diferencial desse modelo é que, ao invés da corrente alternada, ele utiliza a corrente contínua.
Nesse sentido, esse pode alcançar uma potência aproximada de 400 kW. Por isso, ele deve ser usado apenas em situações estritamente necessárias, pois seu uso frequente pode ocasionar um desgaste precoce das baterias.
Baterias mais baratas?
Como ditam as leis do mercado, o aumento da produção traz o ganho em escala e, portanto, a redução de preços.
É nisso que apostam os fabricantes de carros elétricos, especialmente na queda do custo da bateria, o item mais caro do automóvel: ela responde por até 40% do preço final do veículo.
Essa redução de custo pode não acontecer como se espera. O preço da bateria despencou nos últimos anos: estudo da Bloomberg New Energy mostra que ele caiu 87% de 2010 a 2019. Porém, analistas alertam que, quando boa parte do mundo aderir aos elétricos perto de 2030, a situação vai mudar.
Mesmo que a produção das baterias cresça muito, a demanda por alguns metais usados na sua fabricação crescerá exponencialmente, como o caso de cobalto e lítio.
É verdade que o preço do lítio caiu bastante devido a uma superoferta, mas especialistas explicam que isso é uma situação temporária e mudará bastante em 10 anos.
Mesmo que os elétricos ainda representem só 6% das vendas atuais na Europa.
Para apimentar esse cenário, as reservas desses dois metais estão concentradas nas mãos de poucos países: 50% do cobalto estão na República Democrática do Congo e 75% do lítio na Bolívia, Chile e Argentina.