Carro com internet: veja o futuro dos carros conectados muito além da central multimídia

Carro com internet: veja o futuro dos carros conectados muito além da central multimídia

Acesso à internet via wi-fi, aplicativos com funcionalidades como monitorar a saúde ou o bem estar do usuário até realizar compras ou assistir a filmes online. 

Isso é comum em smartphones, certo? Mas a revolução que atingiu a telefonia nas últimas décadas chega agora aos carros, com modelos cada vez mais inteligentes e conectados.

Desde o entretenimento a bordo até a condução de veículos autônomos, empresas de tecnologia estão cada vez mais envolvidas em projetos de mobilidade e mostram que o caminho do automóvel é se tornar muito mais que um simples meio de transporte.

Veja neste conteúdo o que já é realidade em conectividade automotiva, quais os projetos em andamento e o futuro dos carros conectados.

Conectividade em prol da segurança e mobilidade


É fácil associar carro conectado a Wi-Fi a bordo, solução que já existe há pelo menos uma década na Europa, e que também já chegou ao Brasil. 

Mas conectar o carro à rede é um conceito que vai muito além da internet sem fio. Os próximos passos dessa conexão serão fundamentais para revolucionar a mobilidade.

A conectividade vai permitir a comunicação entre carros, e a do automóvel com o entorno, para aprimorar o bem estar a bordo e, principalmente, a segurança tanto no trânsito quanto a bordo.

Você imaginava essa evolução? 

Jonathan Marxen, mentor de tecnologia e inovação para sistemas autônomos da SAE Brasil, explica que com a evolução da conectividade, o melhor momento não será mais aquele em que se tira o carro da concessionária, pois ele passará por atualizações constantes, em diversos aspectos, via rede. 

Na prática, o automóvel passará a ser capaz de executar muitas funções que hoje já estão disponíveis em um smartphone.

Um exemplo é que, por meio da conectividade, o carro poderá avisar diretamente à concessionária da rodovia sobre a ocorrência de um acidente. Já há tecnologias que têm conexão direta com concessionárias ou serviços de socorro após acidente.

Porém, nesses casos, o usuário do veículo é obrigado a acionar o socorro. Com a evolução da conectividade embarcada, ele não precisará tomar nenhuma atitude. O carro já identificará a ocorrência de acidente por meio de padrões, que podem ser, por exemplo, a explosão do airbag e enviará o alerta.

A conectividade também promete reduzir congestionamentos e contribuir para a redução de acidentes nas vias. 

Por meio da conexão entre veículos (sistema chamado de V2V) e dos carros com as rodovias, será formada uma grande rede de dados em tempo real, com informações instantâneas sobre tráfego, condições da estrada e ocorrência de acidentes.

Veículos e rodovias vão se transformar em uma grande rede interligada, capazes de transmitir alta quantidade de dados uns para os outros. 

Isso poderá ocorrer também de maneira automática, sem necessidade de intervenção do usuário. 

O carro, por meio de suas câmeras e sensores capazes de avaliar padrões de comportamento de rodagem e até de mecânica, ficará responsável por transmitir os dados.

Entretenimento e trabalho a bordo


Sem o carro conectado, não existirá veículo autônomo. Uma vez que esse tipo de automóvel chegar, algo previsto para ocorrer em 2022 (em uma primeira etapa, apenas em rodovias), a conexão poderá criar inúmeras possibilidades dentro da cabine.

A transmissão rápida de dados e a realidade aumentada transformarão o para-brisa do veículo em uma grande tela. Por meio dela, o usuário poderá assistir programações de streamings de vídeo, como Netflix e Amazon Prime, e fazer reuniões em vídeo, dentro do veículo.

O carro também se transformará em um escritório, com conexão rápida para permitir que o usuário trabalhe durante uma viagem. 

Outro ganho que a conectividade trará é a abolição de botões.

Quando o motorista entrar no carro, o sistema fará reconhecimento facial do motorista e aplicará todas as suas configurações e preferências na central de comandos, que passarão a ser feitos por gestos. 

Já existem alguns modelos com essa tecnologia, mas em fase ainda bastante embrionária e falha.

Já a inteligência artificial será capaz de conversar com o usuário e aplicar ao carro todos os comandos do usuário. Experimentos com essa tecnologia já vêm sendo feitos com evoluções notáveis ano a ano.

Na corrida pelo carro conectado, as montadoras contam com aliados que vão além das sistemistas. Marcas especializadas em aparelhos eletrônicos vêm apresentando anualmente, na feira de tecnologia CES, em Las Vegas, protótipos com soluções de conectividade a bordo.

Mas como o carro conectado é viável?


De acordo com Marxen, da SAE, todas as tecnologias que vão possibilitar o cenário acima se tornar realidade estão prontos. 

Agora, é necessária a aplicação, para evolução e ganho de escala, além de uma forte preparação do entorno.

O primeiro passo era a chegada da tecnologia 5G ao Brasil, que possibilita a velocidade necessária para a transmissão de dados entre carros e entre veículos e via, porque ela precisa ser muito grande. 

A latência (tempo entre a transmissão do dado e a chegada à antena) é muito baixa no 5G e a velocidade é 100 vezes mais rápida que a do 4G.

Mas de nada adianta o 5G aplicado a bordo se o entorno não estiver conectado. É necessária a instalação de antenas de Wi-Fi por toda a extensão de rodovias e, em um segundo momento, em toda a área de cidades. 

As cidades inteligentes, que estão planejadas por montadoras e sistemistas, já vão nascer com esse tipo de conectividade.

Aqui no Brasil, a Arteris já tem um projeto experimental, com cobertura Wi-Fi em trechos de algumas rodovias. 

Mesmo que o “5G de verdade” ainda não esteja disponível em territórios brasileiros, apenas o 5G DSS, que não entrega todo o potencial de uma rede 5G, as velocidades do 5G DSS podem ser maiores que no 4,5 G, dependendo da capacidade compartilhada. 

Mas sabe aquelas altíssimas taxas de transferência, na casa dos gigabits por segundo? Isso fica restrito ao “5G de verdade”, com frequência dedicada.

Outro desafio é especificar um único padrão do sistema de conexão adotado pelas montadoras, para que todos os veículos possam conversar entre si e com a rede externa.

Quem define esse padrão é o governo. O Brasil costuma seguir diretrizes já homologadas em outras regiões do mundo, como Europa, Estados Unidos ou Japão, como ocorreu no caso da TV digital.

Evolução do carro conectado

Estágio 1


Conexão do telefone com o sistema de som do carro por meio de bluetooth, para projeção do áudio do aparelho nas caixas de som do veículo.

Estágio 2


Centrais multimídias.

Estágio 3


Espelhamento da tela de aparelhos na central multimídia dos carros através do Android Auto, Apple Carplay, Mirror Link. Atualmente, há muitos veículos que oferecem essa conectividade.

Estágio 4


Wi-fi a bordo. Entre as vantagens, há a possibilidade de ler notícias e, em alguns casos, até reprodução de streaming de vídeo nas telas do veículo.

Estágio 5


Comando de voz com inteligência artificial, capazes de executar diversas funções sem que o motorista precise usar as mãos.

Próximos Estágios


  • Implementação do 5G a bordo, para comunicação entre veículos e do carro com o entorno;

  • Telas no lugar de para-brisas, para comunicação via vídeo e até projeção de conteúdo de streamings.


Já há alguns carros no mercado brasileiro com soluções inovadoras de conectividade, como a inteligência artificial que é usada no comando de voz.

Por meio do comando de voz, os carros são capazes de cumprir pequenas funções, como selecionar músicas e estações de rádio, abrir e fechar o teto solar e mudar a temperatura da cabine. 

Os sistemas vão aprendendo com o usuário à medida que o escutam falar, para irem se tornando mais aptos a entender os comandos.

Além disso, há tecnologias totalmente conectadas ao sistema GPS, o que tira do usuário a missão de ter de digitar endereços. 

Há mapas do navegador, aliás, que já usam realidade aumentada. Mas, para que esses sistemas se tornem mais inteligentes, precisam ganhar escala, para irem aprendendo com quem usa. Só assim serão capazes de entender qualquer comando, sem precisar de frases prontas.

Segundo os especialistas, já há centrais de inteligência artificial capazes de receber feedback sobre seus erros, para aprenderem a fazer melhor. Porém, elas ainda não foram lançadas comercialmente.

Há algumas soluções inovadoras de conectividade pelo mundo, já disponíveis ou em fase de implementação, como a central multimídia que tem comandos por gestos.

Na Europa, alguns shoppings estão se preparando para, em alguns anos, estacionar o carro sem intervenção humana. O motorista chega ao local, deixa o veículo (como se o estivesse entregando a um manobrista) e o automóvel vai sozinho até a vaga.

Para viabilizar esse sistema, é necessária conexão entre o veículo e o estabelecimento. Além disso, o carro precisa ter algumas tecnologias autônomas de condução.


E aí, está ansioso para experimentar todas essas possibilidades no seu carro? 

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